Epidemia de cólera no país já matou mais de 700 pessoas e infectou 11 mil
A ONU pediu nesta sexta-feira cerca de US$ 164 milhões para combater a epidemia de cólera no Haiti, que já matou mais de 700 pessoas.
Uma porta-voz da organização, Elisabeth Byrs, afirmou que, se o dinheiro não for fornecido pelos doadores internacionais, "todos nossos esforços serão superados pela epidemia".
"Nós precisamos deste dinheiro o mais rápido possível", afirmou a porta-voz, acrescentando que, até o momento, 11.125 pessoas foram infectadas pela doença no país.
Segundo Byrs, o dinheiro será usada para trazer mais médicos para o Haiti, medicamentos e equipamentos para purificar água.
Stefano Zannini, chefe da missão dos Médicos Sem Fronteiras no Haiti, afirmou que os hospitais da capital, Porto Príncipe, estão superlotados e os pacientes poderão ter que ser tratados nas ruas.
"Estamos muito preocupados com a questão do espaço", afirmou.
"Se o número de casos continuar a subir na mesma taxa (que apresenta agora), então teremos que adotar algumas medidas drásticas. Vamos ter que usar espaços públicos e até mesmo as ruas."
"Posso prever, facilmente, a deterioração desta situação, até ao ponto no qual os pacientes vão para as ruas, esperar por tratamento", acrescentou.
Mais casos
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta sexta-feira que espera que a epidemia de cólera ainda perdure por mais tempo no Haiti.
"As projeções de 200 mil casos nos próximos seis a 12 meses mostra a amplitude do que se pode esperar", disse o porta-voz da OMS Gregory Hartl.
O porta-voz acrescentou que a taxa de mortalidade, de 6,5%, é muito mais alta do que deveria ser.
"Ninguém vivo no Haiti teve cólera antes, então esta é uma população que está muito suscetível à bactéria", afirma. "Uma vez que entra no sistema (de abastecimento) de água, é transmitida facilmente."
Cólera causa febre, diarreia e vômitos, levando à desidratação severa, e pode matar em 24 horas se não for tratada. Mas pode ser controlada facilmente por meio da reidratação e de antibióticos.
A doença é causada por uma bactéria transmitida por água ou alimentos contaminados.
As agências de ajuda estão tentando evitar mais contágio pela doença em Porto Príncipe, em meio ao temor de que a doença se espalhe pelos acampamentos onde vivem 1,1 milhão de sobreviventes do terremoto de janeiro.
A epidemia começou no vale do rio Artibonite no meio do mês de outubro. Inicialmente parecia ter sido contida, mas a passagem do furacão Tomas, no início de novembro, causou inundações que teriam contaminado com a bactéria comunidades de refugiados que já passavam por dificuldades.
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